Hoje, terminando meus atendimentos do dia, flutuava em meus pensamentos uma frase que eu não lembro em que livro de Gestalt eu li e que é mais ou menos assim:
Cada um de nós, secreta e desesperadamente sonha em ser “encontrado”, pois o nosso mais profundo ser anseia por fazer contato consigo mesmo.
E, para dar o devido tom poético que o momento merece...
TRADUZIR-SE
Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?
Ferreira Gullar
8 de dezembro de 2011
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